Divórcio: Consequências para seus filhos
O divórcio do casal e a separação dos pais é um momento doloroso tanto para pais quanto para filhos. A tristeza, raiva, frustação geradas pelo sentimento de perda aumentam o estresse. Diante de tantos conflitos emocionais, muitas vezes agressividade, brigas, como ficam os filhos de pais divorciados? As consequências para as crianças existirão, em maior ou menor grau, de acordo com vários fatores: a idade das crianças, o seu grau de desenvolvimento e principalmente a forma como os pais lidarão com a situação. A forma mais saudável e menos traumática para viver uma separação é através de uma postura equilibrada, da qual muitas vezes os pais não dispõem. Eles precisam explicaraos filhos a separação com honestidade, serenidade e com uma linguagem adequada à capacidade de compreensão da criança. Isto é essencial para que a separação aconteça com o mínimo de sofrimento possível para os filhos.
Reações mais comuns dos filhos ao divórcio
A concepção de realidade que as crianças têm faz com que elas concluam que o importante é que a família toda esteja junta. O divórcio é um projeto dos pais e poucas crianças sentem-se aliviadas com a decisão deles de se divorciar. Muitas crianças conseguem ser razoavelmente felizes e sentirem-se bem cuidadas em famílias em que um ou ambos os cônjuges sentem-se infelizes. Em diferentes idades, as crianças apresentam diferentes tipos de reações diante da separação de seus pais. Quanto menor a criança mais dificuldade ela terá para entender a separação dos pais. As atitudes dos pais em cada fase farão toda a diferença para ajudar a criança a lidar com essa ruptura.
– O Lactente: a mãe representa todo o seu universo, e ele não se distingue dela. Se a mãe fica atenta aos sentimentos que experimenta, pode melhorar a qualidade de relação com o seu filho, ajudando-o desta forma a suportar melhor a separação.
– Entre os 6-9 meses: o bebê percebe a ausência de um dos pais, mas não sabe lidar com ela. Pode manifestar um comportamento agitado, podendo começar a chorar à noite. Manter uma regularidade na organização da vida da criança é essencial para ajudá-la a adaptar-se às mudanças que a separação dos pais acarreta.
– Crianças entre 3 e 6 anos: podem apresentar uma regressão depois que um dos pais deixa o lar, podendo voltar a urinar na cama, solicitarem mais atenção, apresentar medos diversos e a ter alterações no sono. Podem se tornar irritáveis e exigentes. Tudo isso poderá se refletir no universo escolar. É importante explicar à criança o que vai acontecer, de forma concreta, no seu nível de compreensão.
– Crianças entre 6 e 8 anos: geralmente demonstram uma tristeza aberta pelo divórcio, o que frequentemente gera um declínio do rendimento escolar. A criança tende a sentir mais saudade do pai ou da mãe ausente e a ter mais dificuldade em desligar-se da mãe. Tem necessidade de encontrar um culpado que não ela própria e de castigar esse culpado, recusando-se a manifestar-lhe o seu afeto, embora continue sentindo-o. É importante que os pais compreendam os sentimentos da criança e a forma de expressão das suas dificuldades.
– Crianças entre 9 e 12 anos: em geral a criança reage com raiva franca de um ou de ambos os pais, por terem causado a separação. Tende a vincular-se mais a um dos pais, rejeitando o outro que considera “o culpado”. Por vezes demonstram ansiedade, solidão e sentimentos de humilhação por sua própria impotência diante do ocorrido. O desempenho escolar e o relacionamento com colegas podem ter prejuízo nesta fase. Por compreender melhor a realidade, a forma como se comenta sobre a separação no dia-a-dia é uma referência para a criança. A palavra do adulto vai ajudá-la ou não a dar sentido à sua vivência. Portanto, os pais devem tomar cuidado com o que dirão, assegurando o amor que sentem pelo seu filho.
– Adolescentes: sofrem com o divórcio muitas vezes com depressão, raiva intensa ou com comportamentos rebeldes e desorganizados. Pode adotar uma atitude reservada e distante, que tem a intenção de ocultar sentimentos de vergonha, neutralizar a ansiedade e sondar os limites da nova situação familiar. Podem vir a experimentar drogas e álcool, apresentar uma certa precocidade no comportamento sexual, apresentar dificuldade de aprendizagem e baixo rendimento escolar. É importante transmitir ao jovem sentimentos de segurança que respeitem o seu desenvolvimento psicoafetivo.
Cuidados essenciais com os filhos no divórcio
– O mais importante é assegurar aos filhos que eles continuam sendo amados e que o papel de pai e mãe não mudou com a separação.
– Os pais precisam evitar “falar mal”, denegrindo a imagem do ex-cônjuge para o filho, pois isto é extremamente nocivo para as crianças, que por amarem ambos, sentem-se divididas.
– Dar apoio emocional para os filhos não pode ser confundido com atitudes compensatórias, como presentes em excesso, falta de limites.
– Não usar o filho como “bode expiatório”, como uma arma no jogo de disputa e briga que muitas vezes se instala.
A questão mais importante entre pais e filhos é o amor, se este é assegurado e cultivado, o estresse causado pela separação pode ser amenizado. Os filhos compreenderão que o casamento pode acabar, mas os vínculos familiares permanecem.